sábado, 21 de janeiro de 2017


A OBRA SHAKESPEARIANA NA PERPECTIVA DE DIFERENTES SUPORTES


She's the man (2006)
A transposição das obras canônicas para diferentes suportes é recebido com certo desconforto entre os críticos mais severos. No caso de Shakespeare e conforme aponta a crítica literária Linda Hutcheon (apud Hammond, 2013), o autor é posto em um pedestal do mais alto nível “clássico” e não pode ser reproduzido de uma forma que não seja uma arte tão elevada quanto a literatura, entendida como a ópera e o balé.  No entanto, a reprodução das obras em diferentes suportes midiáticos como a TV, o cinema e os quadrinhos podem aproximá-las das massas e, sua utilização como recurso educacional, pode introduzir a literatura clássica às novas gerações sem traumas


No intuito de desenvolver uma educação pluralista, pensemos na peça NOITE DE REIS. Apenas a leitura pura do texto – são cinco atos e dezoito cenas – pode tornar-se uma atividade demorada e enfadonha para a turma. Por isso, estabelecer um contratoponto com o filme sem deixar de lado a obra original, pode fazer com que esses alunos identifiquem-se com as situações ali vividas. Em Shes the man (2006), a trama é ambientada dentro de uma escola e acompanha as peripécias vividas pela jovem Viola. Ao se passar por seu irmão gêmeo, Sebastian, ela luta para vencer em um meio dominado por homens, no caso do filme, no time de futebol. 

Viola não almeja, ao trajar-se como homem, roubar o lugar de seu irmão e sim, ser aceita no grupo. Ao fingir ser outra pessoa, Viola quer firmar sua identidade. Quantos jovens não agem de maneira diferente de sua natureza ou fingem ser outras pessoas a fim de serem aceitos? No Ato 5 – Cena 1 (uma das partes mais cômicas da peça) a questão da identidade individual apareça com mais força pois a verdadeira identidade de Viola é revelada: com o retorno de Sebastian, Viola fica exposta gerando o conflito e por fim, sua aceitação e entrada no grupo. No filme, vemos a estudante tentando convencer seus amigos, o treinador e a torcida que independente da farsa ela é extremamente capaz de jogar futebol e colaborar com o time; que é possível homens e mulheres se ajudarem mutualmente deixando de lado a guerra dos sexos.

O crítico americano Robert Ebert (2006), destaca que a proposta do enredo não é se a protagonista consegue encarnar um rapaz com perfeição e sim, através de um engraçado triângulo amoroso, debater sobre os sonhos de um grupo de adolescentes, o que eles idealizam para o futuro levando em consideração, os planos de seus pais para quando atingirem a vida adulta. Desta forma, podemos concluir que a literatura, fora do âmbito escrito, não deixa de ser literatura – não fica menor, fragmentada – mas se prolifera devido ao uso das novas ferramentas. Uma nova abordagem torna a obra mais acessível mesmo que em sua temática original (poesia / prosa) e em sua produção original, ou seja, na língua inglesa.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

EBERT, Roger. She’s the Man (2006). Disponível em <http://www.rogerebert.com/reviews/shes-the-man-2006> Acesso em 12/10/2016 às 12h01

HAMMOND, L. Do film adaptations of Romeo and Juliet enhance Shakespeare in contemporary society or undermine his cultural status? Disponível em: <http://arts.brighton.ac.uk/ study/literature/brightonline/issue-number-four/do-film-adaptations-of-romeo-and-juliet-enhance- shakespeare-in-contemporary-society-or-undermine-his-cultural-status>. Acesso em 12/10/2016 às 10h12

PUIG, Claudia. She’s the man is a comedy kick. Disponível em <http://usatoday30.usatoday.com/life/movies/reviews/2006-03-16-shes-the-man_x.htm> Acesso em 12/10/2016 às 10h07

SHAKESPEARE, William. Twelfth Night_ Entire Play. Disponível em < http://shakespeare.mit.edu/twelfth_night/full.html> Acesso em 12/10/2016 às 15h18
WIELEWICKI, V. Narrativas multimodais e possibilidades para uma educação pluralista. In: TAKAKI, N. H.; MACIEL, R. F. Letramentos em terra de Paulo Freire. Campinas: Pontes, 2014.


domingo, 3 de janeiro de 2016

PLANO DE AULA – EF II: USO DA VÍRGULA

A VÍRGULA
DISCIPLINA: LÍNGUA PORTUGUESA
TEMA: uso da vírgula
NÍVEL DE ENSINO: ENSINO FUNDAMENTAL II – 8a SÉRIE

1. Conteúdos
Sinal de pontuação: Vírgula

2. Objetivos
a) Identificar os diferentes usos da vírgula;
b) Compreender a importância do uso da vírgula como elemento de coesão textual.

3. Recursos:
a) Texto: “A Vírgula”  desenvolvido para a Campanha Publicitária pelos 100 anos da Associação Brasileira de Imprensa;
b) Livro: “Nova Gramática do Português Contemporâneo” de Celso Cunha e Lindley Cintra.

Estratégias

a) Introdução ao Tema:

O uso correto da vírgula pode parecer algo muito simples se comparado aos demais recursos coesivos como as preposições e conjunções porém, ainda faz muitos jovens e adultos tropeçarem nas produções textuais.  Para desmitificar a velha máxima de que a vírgula é “pausa para respirar”,  questões problematizadoras  promoverão a interação professor-aluno e aluno-aluno:

-       Afinal para que serve a vírgula?
-       Como seriam os textos sem o uso da vírgula?
-       As frases seriam compreendidas de forma inteligível?

b) Desenvolvimento da aula

Para o desenvolvimento desta aula, o texto “A Vírgula” aqui indicado será utilizado como suporte didático para atrair a atenção dos alunos devido ao seu conteúdo claro e de fácil assimilação.

Vírgula pode ser uma pausa… ou não: Não, espere.
Não espere.
Ela pode sumir com seu dinheiro:
 23,4.
 2,34.
Pode ser autoritária:
 Aceito, obrigado.
 Aceito obrigado.
Pode criar heróis:
 Isso só, ele resolve.
 Isso só ele resolve.
E vilões:
 Esse, juiz, é corrupto.
 Esse juiz é corrupto.
Ela pode ser a solução:
Vamos perder, nada foi resolvido.
 Vamos perder nada, foi resolvido.
A vírgula muda uma opinião:
 Não queremos saber.
Não, queremos saber.
(Uma vírgula muda tudo! - ABI)

Após leitura do texto e realização das atividades propostas no próximo item (C), as regras gramáticas referentes ao uso correto da vírgula serão retomadas. Como sugestão  ()Pontuacao sssunto adas pelos alunos no item c“A Nova Gramatica do Português Contemporâneo” de Celso Cunha e Lindley Cintra trata deste assunto no Capítulo 21 – Pontuação (páginas 658 à 663).

A vírgula marca uma pausa de pequena duração. Emprega-se não só para separar elementos de uma oração, mas também orações de um só período. (...) No interior de da oração serve para separar elementos que exercem a mesma função sintática (sujeito composto, complementos, adjuntos), quando não vem  unidos pelas conjunções e, ou e nem. (CUNHA, 2013, p.658).

c) Atividades para os alunos

1. Dividir os alunos em duplas e fazer a leitura em voz alto do Texto:  “A Vírgula”;
2. Solicitar aos alunos a análise, primeiramente, do sentido de cada “par de frases” e a posição da vírgula em cada uma delas;
3. Na sequencia, os alunos deverão em suas duplas, descrever para a sala uma situação (familiar, financeira, social etc) na qual o uso da vírgula em uma das frases do texto poderia afetar drasticamente uma decisão e porquê;
4. Apresentar aos alunos as regras de uso da vírgula com base no Capitulo 21 da “Nova Gramatica do Português Contemporâneo” destacando a mais importante para fácil entendimento: não se separa sujeito de verbo / verbo de objeto / sujeito de complemento;

Avaliação

Para mensuração dos resultados de aprendizagem obtidos, a avaliação se realizará conforme segue:

1. Dividir a sala em grupos (4 ou 5 alunos) e solicitar que escrevam um pequeno texto (publicitário, bilhete informal etc..) em duas versões: alterando a posição da virgula para atribuir sentidos diferentes;
2. Solicitar que os alunos compartilhem as produções textuais com a sala.  

A atividade final proposta tem como objetivo:

a) Identificar se os alunos conseguem produzir textos com o uso correto da vírgula;
b) Observar o entendimento adquirido pelos alunos ao criar efeito de sentido devido ao variado uso da vírgula;
c) Medir o conhecimento demonstrado pelos alunos com a discussão final dos textos a serem produzidos. 
  

Referências Bibliográficas

CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. Rio de Jeniro: Lexikon, 2013.

Usando a vírgula - Portal do Professor. Disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000016810.PDF> Acesso em 13/09/2014 às 11:23h

ABI — Vírgula | ABI. Disponível em: < http://www.abi.org.br/abi-virgula/> Acesso em 13/09/2014 às 12:39h

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Análise do Conto "O Safári Definitivo” de Nadine Gordimer

Nadine Gordimer
Desde muito jovem, a escritora sul-africana Nadine Gordimer demonstrou interesse na luta contra a desigualdade econômica e social que afligia seu país. Filha de um pai refugiado da Rússia czarista e de uma mãe ativista, Gordimer buscou denunciar em suas obras a situação de pobreza e discriminação enfrentada pelos negros na África do Sul. Sofreu duras repressões do governo e entrou para a chamada lista negra de escritores anti-apartheid. Mesmo após o fim do regime de segregação racial, parte de seu trabalho continuava censurado devido a conteúdo considerado “subversivo” e “unilateral”.

Sua participação em manifestações contra o Apartheid ganhou força não somente em suas viagens ao redor do mundo onde foi porta voz dos perseguidos pela repressão política como também, por meio de suas obras que resistiram a censura e promoveram a literatura sul-africana a um patamar internacional. Com mais de 30 livros, Gordimer lutou pela liberdade de expressão para que aqueles que “não tem voz”, pudessem ser ouvidos.

Quando escreveu The Ultimate Safari, Gordimer estava extremamente compadecida pela situação dos refugiados na África do Sul. Moçambique sofreu 14 anos com a Guerra Civil entre as forças do então governo do presidente Samora Machel, e a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO). Além dos ataques indiscriminados aos civis pelos rebeldes, a situação violenta do país se agravou ainda mais pelo colapso econômico, falta de serviços médicos durante anos e a fome que se alastrara por quase todo o território. Ferido e faminto, o povo moçambicano buscou refúgio em países vizinhos e, entre eles, a África do Sul. Em sua obra, Gordimer retrata a história desta comunidade invisível que aos olhos de muitos não pode ser considerada uma comunidade de fato pois, não tem um lugar: os refugiados. Seja pelos horrores da guerra, conflitos religiosos ou econômicos, a África do Sul recebeu centenas destes refugiados que procuravam asilo, emprego e moradia abalando a também caótica situação pelo qual passava o país que os acolheria.

Narrada em primeira pessoa, a história é contada por uma garotinha sem nome de 11 anos. Sabemos que ela é a irmã do meio ao se referir sobre seu irmão mais velho e seu irmão mais novo, ainda muito pequeno. No segundo parágrafo a garotinha descreve o medo que sentiu a noite pois sua mãe não havia regressado do mercado e ela e seus irmãos estavam sozinhos em casa sem saber para onde ir. Tudo o que lhes restava era a longa e sufocante espera: “I am the middle one, the girl, and my little brother [...] All night my first-born brother kept in his hand a broken piece of wood from one of our burnt house-poles. It was to save himself if the bandits found him

A figura feminina é o que impulsiona a narrativa e emociona o leitor. Devido a guerra, os homens são forçados a deixar as suas famílias e cabe as mulheres a difícil escolha de se abater ou resistir e lutar por seus entes queridos. Nenhum dos personagens possui um nome assim como um lugar para chamar de seu, os conhecemos apenas como a mãe, a avó, as outras mulheres. Ao sair de casa e arriscar-se a mãe poderia ser Marta, Virginia ou Joana entretanto isso não é relevante. Seus filhos estavam com fome e não havia nada para comer:  ela não os deixou por motivos egoístas ou para fugir mas porque não tinha escolha. Se ficasse, todos morreriam de fome e se deixasse a vila poderia encontrar com a guerrilha. Infelizmente o paradeiro dela é desconhecido e a figura da avó assume a liderança da família.

A matriarca deve pensar nos próximos passos e carregar consigo a dor da decisão de deixar seu companheiro de uma vida inteira para trás pelo bem de seus netos. Quando não como há como voltar, seguir em frente é tudo o que resta para a pobre senhora. Ela e as outras mulheres carregam as crianças pequenas debaixo de um sol escaldante, com sede, fome, bolhas nos pés por uma travessia sem fim e extremamente perigosa. O cenário era de medo, moscas rastejavam em seu rosto e apesar do cansaço não havia lamentações por parte dela. Ela sobreviveu e com o pouco dinheiro que conseguiu, cuidou para que seus netos tivessem acesso ao mínimo de educação possível naquele lugar há tanto sem esperança.

O Kruger Park e a maior área de conservação da vida animal da África do Sul, cobrindo uma vasto território faz fronteira com Moçambique. A narradora o descreve como um “país inteiro de animais” onde, como entre os seres humanos, a vida deveria ser respeitada e preservada. Assim como os “bandidos” e a própria polícia moçambicana mataram os elefantes, venderam suas presas e comeram sua carne, os civis são perseguidos, caçados, humilhados, torturados e massacrados.

A travessia pela reserva demonstra a real condição dos refugiados: como animais devem ser silenciosos e prudentes para passarem desapercebidos por entre as folhagens pois caçadores os espreitam. A angustiante perseguição não segue em pé de igualdade com os animais da reserva pois os elefantes, chacais, hienas, hipopótamos e crocodilos não são abatidos por sua própria espécie. Uma girafa não teme outra girafa; uma ave não foge de outra ave porém um refugiado amedrontado esquiva dos guardas florestais, dos acampamentos de turistas brancos e dos rebeldes da guerrilha além das forças policiais que deveriam protegê-los e não perseguí-los. 

Dentre os animais da reserva nenhum impressiona mais do que o Leão africano. O leão é um símbolo de soberania, poder, justiça e proteção. A pequena garota diz “I wanted to lie down like the lions” pois mesmo quando dormem, estes animais de figura imponente descasam sem demonstrar cautela ou medo do mundo a sua volta.

Para os refugiados, dormir profundamente é um privilégio que eles não podem ter pois assim como os leões da reserva, os homens poderosos e impiedosos que comandam seu país estão ofegantes à espera para se alimentar do desespero dos inocentes roubando suas casas, matando suas mulheres e crianças e escravizando o que resta do seu povo. 

Para muitos moçambicanos os campos de refugiados são o único lugar onde poderão encontrar paz e segurança após deixarem sua terra natal. Nas tendas onde as famílias ficam abrigadas, a protagonista e sua família receberam ajuda de moradores de um vilarejo próximo, comida e assistência médica de voluntários.

Um grupo de jornalistas vai até o campo com a intenção de fazer um documentário sobre a vida dos refugiados. Uma jornalista pergunta para a avó da garotinha há quanto tempo eles tem vivido ali e quais são seus planos para o futuro. Para a pobre senhora não há “futuro” e muito menos a intenção de retornar para Moçambique algum dia. A narradora não compartilha dos planos de sua avó pois deseja retornar para casa e após a guerra, reencontrar sua mãe e seu avô. Apesar do leitor desejar que o reencontro da garotinha com seus familiares ocorra algum dia, este desejo ficará em sua imaginação pois a realidade deste povo é muito mais cruel que o sonho feliz de uma menina. 

A narrativa de Nadine Gordimer pode ser relacionada com a história de Terra Sonâmbula do escritor moçambicano Mia Couto. Apesar do romance não ser narrado por uma figura feminina e sim por um menino chamado Muidinga, o plano de fundo é a Guerra Civil que assola Moçambique e suas consequência sobre a população desamparada. Assim para os que deixaram tudo para trás em The Ultimate Safari, os sobreviventes do pós-guerra que não buscaram asilo procuram reconstruir suas vidas a partir do pouco ou quase nada que restou de uma terra perdida e sem horizonte. Não havia cor no céu ou leveza no ar, apenas poeira e morte do que restou na longa estrada:

Naquele lugar, a guerra tinha morto a estrada. Pelos caminhos só as hienas se arrastavam, focinhando entre cinzas e poeiras. A paisagem se mestiçara de tristezas nunca vistas, em cores que se pegavam à boca. Eram cores sujas, tão sujas que tinham perdido toda a leveza, esquecidas da ousadia de levantar asas pelo azul. Aqui, o céu se tornara impossível. E os viventes se acostumaram ao chão, em resignada aprendizagem da morte.
                                                                                                      (COUTO, 1992, p. 1)

Outras formas de narrativa ficcional, além da literatura, buscam denunciar por meio da dramatização  os longos e sangrentos conflitos internos que assombram há muito o continente africano. No filme Lágrimas do Sol produzido em 2003, a Nigéria também é atingida pela guerra civil. O governo oficial do país é deposto e milícias organizadas iniciam uma limpeza ética por todo território. Vários grupos de diferentes etnias são eliminados, forçando os sobreviventes a se refugiarem em Camarões. A produção Diamante de Sangue de 2006, ambientado durante a Guerra Civil de Serra Leoa, fala das atrocidades sofridas pelo já miserável e faminto povo leonês agora, escravizado na extração ilegal de diamantes. O país vizinho, a Guiné, é o principal ponto de fuga recebendo por volta de 600.000 refugiados.

O tema recorrente da violência e miséria na África trás consigo questionamentos sobre este cenário perturbador. Quando mulheres debilitadas e crianças famintas fogem de suas casas no meio da noite apenas poderão contar com ajuda humanitária para obter água e comida mas esta, não pode intervir em questões políticas e territoriais que estão além do seu controle. O ódio racial e a xenofobia são alimentados pelo sistema onde a desigualdade educacional gera os elevados índices de analfabetismo reforçando estereótipos e a subordinação dos menos afortunados pelos homens poderosos. Através da literatura, Nadine Gordimer usou a arte da palavra para expor seu sentimento de angústia pelo sofrimento perpetrado ao povo africano. Que através de sua obra a humanidade possa refletir e mudar sua posição diante da realidade que nos cerca.

Referências Bibliográficas

Menna, Lígia Regina Maximo Cavalari. Literatura portuguesa: prosa. São Paulo: Editora Sol, 2012

Nadine Gordimer - Wikipedia, the free encyclopedia. Disponível em < https://en.wikipedia.org/wiki/Nadine_Gordimer> Acesso em 20/11/2015 às 09:12h

Nadine Gordimer/ The Ultimate Safari | PEN American Center. Disponível em < http://www.pen.org/book/nadine-gordimer-the-ultimate-safari> Acesso em 20/11/2015 às 12:58h

The Ultimate Safari. Disponível em <http://newint.org/books/fiction/caine%20prize%2010%20years%20chapter%20one.pdf> Acesso em 14/11/2015 às 12:15h

domingo, 6 de dezembro de 2015

"Think Small" - Uma análise sobre a campanha publicitária da Volkswagen


Campanha "Think Small" da Volkswagen

Em relação ao texto publicitário em destaque, ao realizar uma análise semiótica, é importante considerar quem produziu o texto, o público alvo e o contexto / lugar social na qual o texto foi produzido para assim, compreender seu objetivo. O “conhecimento de mundo” do leitor é fundamental para atribuir sentido a esta mensagem publicitária, pois, nenhum texto é produzido de forma desarticulada do meio do qual o enunciador e o enunciatário vivem.

A montadora alemã Volkswagen, foi um projeto pós-guerra dos anos 30, incentivado por Adolf Hitler como parte do plano de recuperação econômica do país de modo a acelerar o consumo interno e a geração de novos empregos. Dentro deste contexto, a marca não foi bem recebida ao tentar entrar no mercado americano na década de 50. Contrariando o “american way of life” que incentivava o consumo em larga escala de bens de consumo cada vez maiores, de geladeiras a carros como os da montadora Ford, a Volkswagen resolveu anunciar seu carro exatamente como o modelo parecia aos olhos do consumidor, de forma simples e sem atrativos.

Devido às inúmeras montadoras que havia no mercado americano, a imagem do carro em si aliado ao slogan Think small, poderia ser interpretado de forma negativa, visto que, o Fusca não era uma novidade “tão grande assim”. Para motivar o leitor, a montadora então resolveu tratar de questões ideológicas de consumo do novo mercado consumidor que queria arrematar. A escolha da cor foi um elemento fundamental para se relacionar com o público alvo – trabalhadores de classe média que não podiam adquirir carros grandes de luxo.  O preto e branco do anúncio da Volkswagen tinha como objetivo, manter a simplicidade na mente do consumidor em relação ao produto contrariando a associação de cores intensas utilizadas nas propagandas das grandes montadoras já conhecidas nos Estados Unidos.

Os elementos linguísticos aqui utilizados fixaram na cabeça do consumidor da época, o que seria a idéia da compra de um bem barato para toda a família, o hoje mundialmente conhecido, New Beetle ou Fusca. No eixo paradigmático, temos a escolha do verbo “Think” (Pense) – a forma no imperativo é umas das características em textos do âmbito publicitário – e no eixo sintagmático, a combinação de “Think small” (pense pequeno). A palavra “small” aqui selecionada, não faz referência somente ao tamanho do carro, mas também reproduz a idéia de “pequeno” ao passar o mínimo de informações possíveis ao leitor. Contrariando a dimensão média de textos publicitários da época, destacou-se somente o que era relevante sobre o produto, evitando assim, vender um “estilo de vida” ligado a imagem do carro e sim, as vantagens em ter um produto econômico, porém eficaz.  
   
Referências Bibliográficas

NASCIMENTO. Cibele Rodrigues do. et. al.  Diagnóstico Organizacional – Volkswagen do Brasil Indústria de Veículos Automotores Ltda / Departamento de Compras Gerais. 2010. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Secretariado Executivo) – Universidade Paulista, São Paulo, 2010.  


O Portal da História – Empresas: O Volkswagen. Disponível em <http://www.arqnet.pt/portal/empresas/vw_campanha.html> Acesso em 05/10/2013 às 13:29h